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Duas semanas depois de Catarina Martins anunciar que não se iria recandidatar à liderança do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua formalizou a candidatura à liderança do partido

Na conferência de imprensa do dia 27 de fevereiro, na sede nacional do Bloco de Esquerda (BE), a deputada Mariana Mortágua apresentou a candidatura à liderança do partido. A economista sucede a Catarina Martins, que está à frente do partido desde 2012. Em declarações ao jornal Público, a atual líder refere que Mariana é a escolha indicada para suceder ao cargo.

No decorrer da conferência, a deputada bloquista apresentou a moção que vai encabeçar na próxima convenção nacional do partido, que terá lugar nos dias 27 e 28 de maio. Com esta moção, Mariana Mortágua tenciona criar uma alternativa à esquerda e acusa o governo socialista de “ter desistido do país”.


Mariana Mortágua expressa o seu desagrado perante a liderança de António Costa. Afirma que não há possibilidade de diálogo e que o governo adota, constantemente, políticas de empobrecimento e desigualdade, provocando uma estagnação que parece não ter fim. “A maioria absoluta nunca foi outra coisa que não arrogância, intransigência e instabilidade”, afirmou e critica o Partido Socialista (PS) de “querer a maioria absoluta para deixar o país condenado ao desrespeito pela educação e a saúde, consumido por quem especula com os preços, corroídos pela corrupção e pela facilidade milionária dos favores”.

A deputada bloquista também não poupa as críticas à direita e, no seu discurso, manifesta o seu descontentamento, afirmando que os projetos da direita assentam nas desigualdades. Na sua ótica, o Partido Social Democrata (PSD) de Luís Montenegro está sem rumo. Tece também comentários negativos à ascensão da extrema-direita e atribui a culpa ao governo por usar o “medo da extrema-direita para lhe garantir uma maioria absoluta perpétua.” “É por isso que vemos o PS a dedicar-se a promover um despique com o CHEGA, mesmo sabendo que desta forma, está a alimentar a extrema-direita em Portugal”.

Perante este cenário, Mariana Mortágua reforça a necessidade de oferecer alternativas para o eleitorado que se sente asfixiado pela inflação, pelo aumento do custo de vida e pela ausência de resposta do governo, face às sucessivas greves que o país tem vindo a enfrentar. De acordo com Mortágua, é preciso construir “uma opção à escolha péssimaentreomaueopior–PSea direita”.

A economista está focada em desenvolver uma escolha que “leve o país a sério” (lema da convenção do partido) contrariando as medidas do PS, nomeadamente “dar apoios pontuais”, em vez de “subir salários” ou “garantir benefícios fiscais”. “Quem quer levar o país a sério, não pode aceitar que estas fatalidades se virem sempre contra quem trabalha”, tal como não se pode resignar perante o “racismo”, as “perseguições”, a “política de discriminação”, as “guerras como a invasão da Ucrânia” ou as “ameaças nucleares”, defendeu.

Mariana Mortágua tem 36 anos e é deputada na Assembleia da República desde 2013, sendo filiada no partido desde 2009. Além disso, é vice-presidente da bancada do BE, coordenadora do grupo parlamentar nas comissões de Assuntos Europeus, Orçamento e Finanças e Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.